Element

Por Manuel Dionisio, Luanda, Angola. Jornalista, Critico de Arte, Escritor

Element, esta notável selecção dos seus últimos trabalhos, comprova-o, preenchendo o cliché clássico e um tanto romântico do artista que abre o seu próprio trilho de congruência estética seguindo primordialmente a sua intuição, a sua sensibilidade.

Quem esta convicto do seu fado, nestes pressupostos, raramente se engana no caminho. E via de regra é o desbravador de um trajecto novo em direcção à clareira onde se reúnem todos os criadores, numa orgia druidica onde já não há lugar para diletantes.

Ou seja: têm a vossos olhos os trabalhos de um artista singular que à custa de um rappel sem rede tem vindo a contribuir solitariamente (porque a sensibilidade é pessoal e intransmissível) para o léxico, em curso e em expansão, em que se desdobram as duas sílabas da arte. Das novíssimas Artes plásticas Angolanas, quebrando dogmas, atentos simultaneamente ao mundo e ao umbigo. Element, assim porque experimental, à revelia de academismos que são, grosso modo, importantes no sentido inversamente proporcional ao do talento.

Ou ainda: uma postura no descobrir de novas perspectivas que é rara quanto precoce e advém de uma disciplina invulgar, que só encontrados em indivíduos mais maduros. Traduzo a cabeça no céu, os pés firmes na terra. De que forma receber esta série de produções, assimétricas quanto ritmadamente cadenciadas, no espaço de pouco mais de um ano?

Eis a definição de Element no dicionário de H.M. É Chegada a altura de fecharmos a boca ao espanto e falarmos deste fenómeno que se nos oferece.

Porque a que ter coragem: ou muita gente tem andado a fingir que o rei vai vestido com a assinatura de um grande alfaiate, ou ele vai nu – só porque não tem a humildade de reconhecer a ousadia deste rap e\ou ignora a afinação destes acordes – , ou as telas de H.M.

São Arte Maior e uma tremenda maisvalia para os que lhe têm pressentido a sensibilidade e dado o merecido reconhecimento.

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